Conheça Stéphanie Vicente, a jovem que está revolucionando a força feminina no agronegócio
As mulheres rurais, há muito tempo fundamentais para o sucesso das propriedades agrícolas, estão agora assumindo papéis de liderança e moldando o futuro do agronegócio do país. Stéphanie Ferreira Vicente, a Presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil, compartilha visões poderosas sobre como essa mudança está acontecendo e os desafios que ainda precisam ser superados.
Nesta entrevista exclusiva, ela destaca a importância da capacitação, do diálogo e do fortalecimento da representatividade feminina para impulsionar o setor agropecuário em direção a um futuro mais sustentável e igualitário.
1 – Stéphanie, você participou do 11º Encontro de Produtoras Rurais aqui em Cascavel. Como foi essa experiência?
Para nós, ter participado do encontro foi inspirador. Nós nos surpreendemos com a recepção que tivemos da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP( e do Sindicato Rural de Cascavel! Foram muito atenciosos, e logo que chegamos no evento e vimos quão sólido ele é, com uma programação diferenciada, com a participação em massa das mulheres, para nós foi surpreendente e saímos de Cascavel com uma visão muito positiva e energizada.
2 – Para você, como Presidente da Comissão Nacional, como é ver comissões regionais terem a iniciativa e realizarem eventos desse tamanho?
Dentro do nosso plano de ação como comissão nacional, temos o apoio de grupos regionais e fomos ao Paraná porque sabemos que o modelo da federação é muito bem consolidado e funciona. Fomos para aprendermos e vermos um modelo desse funcionando, inspirando e trazendo mulheres para dentro do sistema, que é o nosso objetivo. Isso deixou a gente com uma expectativa muito boa. Temos outras federações que desempenham papel muito bacana também, com comissões de mulheres sólidas e atuantes.
3 – Pode compartilhar exemplos de estratégias eficazes para promover a liderança das mulheres em cooperativas agrícolas e associações rurais?
Desenvolver habilidades de liderança. É a parte mais importante. Preparar a mulher para ocupar um cargo de liderança e depois se manter nesse cargo, porque sabemos o quão desafiador é ser líder, então temos encontros onde capacitamos essas mulheres. Também estamos preparando, dentro do sistema, um conteúdo de lideranças que mais mulheres possam acessar. Outra estratégia é conhecer muito bem o sistema sindical que estamos inseridos, chamar essas mulheres e fazê-las entender como o sistema atua. O terceiro ponto é o diálogo e a escuta, isso foi fundamental na minha jornada, temos o momento de dialogar e escutar muito
4 – Em sua opinião, como as políticas de comércio internacional impactam as oportunidades para as mulheres no agronegócio?
Vemos as mulheres que estão na ponta, gerindo suas produções, temos fazenda geridas por mulheres que atendem muito mais os quesitos de sustentabilidade. As mulheres têm uma gestão voltada a isso. Temos ações voltadas a rodadas de negócios para mulheres. Acho que essa valorização, não apenas por ser uma mulher à frente de uma produção, mas pelo desempenho, é algo para promovermos pois isso inspira mais mulheres a estarem nessa posição também.
5 – Quais são os principais desafios que as mulheres agricultoras enfrentam no que diz respeito à saúde e segurança no campo?
São dois temas muito delicados e sensíveis. Sabemos que as fazendas são de difícil acesso, em uma situação mais isolada, onde ela não consegue ter uma autonomia financeira, mas uma coisa que gera muito resultado são os cursos de promoção social que temos dentro do SENAR que ajudam a mulher tirar o seu dinheiro de alguma forma, seja pelo processamento de alimentos ou artesanato, dando uma oportunidade de fonte de renda a ela, e de saúde temos muitas oportunidades no SENAR também. Procurar, dentro do SENAR, termos mulheres que fazem essas ações que atingem mais mulheres e iniciativas municipais que visam melhorar a segurança da mulher no campo.
6 – Quais ações a comissão nacional realiza para incentivar e auxiliar na formação técnica e acadêmica das mulheres pelo Brasil?
A gente, dentro do apoio aos grupos regionais, nós sempre incentivamos que as ações do sistema sejam difundidas, ainda tem muita gente que pode conhecer mais o SENAR quando falamos de capacitação técnica. Queremos sensibilizar as mulheres para que elas sejam porta-vozes, então queremos essa sensibilização sobre o que temos de oportunidades dentro do sistema é algo que preparamos as nossas mulheres e incentivamos sempre.
7 – Como as comissões, como a Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA, têm contribuído para dar mais força e apoiar as mulheres no campo?
Já faz algum tempo que existe os movimento femininos espalhados pelo país e isso inspirou mulheres a entender que o papel dela também é dentro do campo e o que queremos na comissão nacional é mostrar para mulheres que elas podem ocupar posições de liderança, tomada de decisão, dentro da porteira e dentro das instituições que representam a classe. Tendo mais mulheres, aumentamos a representatividade feminina,e as decisões que vierem tendem a ser mais justa a nossa realidade e começamos a ser escutadas, não só como mulheres, mas como produtoras rurais e representamos e fortalecemos a agropecuária nacional.
8 – O que você vê como as principais barreiras que ainda precisam ser superadas para promover a igualdade de gênero no agronegócio?
Precisamos olhar mais para dentro do que para fora. A gente se fortalece como mulher, mulher do agro, se capacitando e desenvolvendo, sentindo segurança e firmeza no nosso propósito, trabalho e no resultado que queremos colher é o principal ponto. Mulher que fortalece mulheres. Juntas criamos um ambiente seguro, e criando esse ambiente, a partir do momento que estamos fortes vamos enfrentar as barreiras e ter mais mulheres ocupando essas cadeiras e posições. Todos os desafios que vão surgir a gente consegue ultrapassar de uma forma mais fácil, menos desgastante. Gosto muito de olhar pra dentro. A gente fortalecendo o nosso trabalho e propósito é onde conseguimos mais fácil superar essas barreiras.
9 – Como podemos incentivar mais mulheres a assumirem papéis de liderança no agronegócio?
Eu acho que a mulher, até temos os últimos dados do censo, percebemos a mulher ocupando posições na fazenda, de liderança, mas o percentual de mulheres associadas a cooperativas é muito baixo, agora é um movimento de mostrar à mulher que nós precisamos dela nesses papéis de liderança, que a gente sabe que não é fácil, é uma jornada longa e desgastante, mas a partir do momento que despertamos nela esse propósito e essa vontade de contribuir pensando nas futuras gerações é esse despertar que a gente precisa para ela entender que o papel dela também é ocupando essas posições de liderança dentro das instituições que a representam
10 – De que forma a inclusão das mulheres na tomada de decisões no campo pode melhorar a gestão e a produtividade das propriedades rurais?
Ela tem um perfil de se capacitar e se desenvolver, Vemos isso dentro do SENAR, um público mais atuante, tem um perfil de execução, a partir do momento que a missão foi dada ela é comprida, e vemos a mulher ligada em tudo o que ta acontecendo principalmente em promover a sustentabilidade dentro do campo, ela tem um olhar mais humanizado quando falamos da questão social e ambiental e por essa questão organizacional ela consegue colocar a parte econômica da fazenda também em um ponto de vista diferente.
11 – Pode compartilhar experiências sobre como as mulheres no agro estão se organizando e se capacitando para enfrentar os desafios emergentes?
O que é muito importante para nós e termos um objetivo e um passo a passo muito claro dentro do nosso plano de ação, porque temos um Brasil muito diferente, e calibrar isso para nós é muito delicado e complexo, mas ao mesmo tempo colocamos mulheres do país todo para trocar experiências, a partir do momento que temos um plano de ação claro conseguimos ir atrás do subjetivos para não perder o foco. passo a inspiração, precisamos nos esforçar e continuar nos capacitando, e termos entregas ao longo desse caminho para atingirmos os objetivos finais.
A partir do momento que nos colocamos a disposição, é um trabalho voluntário, que começa nas bases, dos sindicatos, temos que entender que é uma jornada de crescimento, tudo no final das contas é um aprendizado que com certeza vai levar a gente num lugar positivo e principalmente fará diferença para as gerações de mulheres que estão vindo por aí.