Elias José Zydek, Presidente Executivo da Frimesa lidera com sanidade e sustentabilidade
À frente de uma das maiores cooperativas agropecuárias do Brasil, Elias José Zydek, Presidente Executivo da Frimesa, reflete sobre o papel da inovação, sustentabilidade e sanidade no desenvolvimento do setor de carnes suínas e lácteos. Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Maria e com uma carreira dedicada ao cooperativismo, Zydek detalha os desafios e as oportunidades para os produtores e cooperados no cenário competitivo nacional e internacional.
Cursos do SENAR-PR oferecem novas capacitações contra incêndios
Nascido em Alecrim, no Rio Grande do Sul, Elias José Zydek começou sua trajetória profissional no setor agropecuário em 1974 e, desde 1978, está à frente de diversos projetos estratégicos na Frimesa, uma das maiores cooperativas brasileiras de produção de lácteos e carne suína. Com uma sólida formação em Engenharia Agronômica e especialização em Planejamento e Gestão de Negócios, ele assumiu a presidência executiva da cooperativa em 2023.
Elias José Zydek discute, nesta entrevista, como a Frimesa tem se posicionado para enfrentar os desafios da sanidade agropecuária, da sustentabilidade e da inovação tecnológica, fatores essenciais para garantir a competitividade e o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva.
1 – Frimesa é uma das principais cooperativas do Brasil na produção de lácteos e carnes suínas. Como a empresa tem se posicionado no cenário competitivo nacional e internacional no seu segmento?
R.: O posicionamento da FRIMESA é de produzir com qualidade diferenciada e ganhar escala cada vez maior para ser competitiva em custos. A qualidade dos produtos começa na produção pela indústria e continua na logística de distribuição, até chegar na casa do consumidor. Temos dedicado atenção especial na inovação de processos para garantir a qualidade dos produtos.
2 – A sanidade agropecuária é um tema crucial para garantir a qualidade e a segurança dos produtos de origem animal e vegetal. Como a cooperativa trabalha para assegurar que os produtores cooperados sigam os mais altos padrões sanitários? Há programas específicos de monitoramento e apoio a esses produtores?
R.: A Sanidade é o maior patrimônio dos produtores e das indústrias. Ela é essencial tanto para o mercado externo, quanto para o interno. A Frimesa tem o programa Suínos Certificado, envolvendo as Cooperativas Filiadas e os produtores, que seus pilares são: Sanidade, Bem-estar Animal, Meio Ambiente, Trabalho e Rastreabilidade. Os produtores precisam seguir o Manual explicativo, seguir as práticas recomendadas e ser aprovado nas duas Auditorias anuais. O Suíno Certificado recebe um valor a mais do Frigorífico. Na produção do leite também existe um programa Mais Leite Saudável, que recebe uma bonificação por qualidade e sanidade.
3 – Sabemos que a relação entre os produtores cooperados e a cooperativa é a base do sucesso da mesma. Quais os principais benefícios que a Frimesa e filiadas oferecem aos produtores para garantir um desenvolvimento sustentável, rentável e integrado?
R.: Os benefícios são: bonificação de valores pelo suíno certificado, garantia de remuneração acimado custo de produção. No leite a bonificação por qualidade pode variar de 10% a 20% do preço base do leite. Outro benefício é a Assistência Técnica na produção, no fornecimento de animais com genética apurada, bem como insumos necessários.
4 – A cooperativa está trabalhando com iniciativas ESG (Ambiental, Social e Governança). Como a empresa tem implementado tais procedimentos nas fábricas e no campo, junto aos produtores que fornecem a matéria-prima?
R.: A FRIMESA apresentou seu Plano de Ação de sustentabilidade com compromissos de curto, médio e longo prazo, a serem executados em toda cadeia produtiva do suíno e do leite. São 15 metas estabelecidas, como por exemplo: produção de biomassa para uso nas caldeiras, produção do biometano em substituição de Gás de petróleo, geração de energia solar, redução e reuso de água. Distribuição e controle de biofertilizantes nas lavouras dos produtores. Proteção e manejo ambiental nas propriedades.
5 – Para que tenhamos resultados positivos dentro do conceito ESG, todos os processos, da indústria ao campo, precisam ser avaliados. Quais as dificuldades para que esse conceito seja incorporado nas propriedades pelos cooperados?
R.: A avaliação e controle já são realizados no caso de medição dos Gases de Efeito Estufa, emitidos. Substituição do óleo diesel por biometano em caminhões de transportes. Controle dos reflorestamentos. Medição dos consumos de água. Realizamos com a EMBRAPA pesquisa de percolação de fósforo nos solos da Região Oeste para determinar a dosagem ideal dos dejetos lançados nas lavouras. Ainda faltam metodologias para medir a emissão e captação do Carbono na agropecuária brasileira.
6 – O setor agropecuário tem enfrentado pressões globais por práticas mais sustentáveis e responsáveis. Como a cooperativa está se adaptando a essas demandas e promovendo a sustentabilidade em suas operações e entre os cooperados?
R.: O primeiro passo está sendo dado com a conscientização dos envolvidos nas cadeias produtivas. Na sequência vem a adoção de tecnologias desde o preparo do solo, plantio, uso de defensivos, preservação do meio ambiente. As criações de animais hoje evoluíram com adoção de manejo adequado e práticas amigáveis ao meio ambiente.
7 – A região oeste do Paraná é uma grande produtora de alimentos, como o senhor vê a importância da sanidade agropecuária?
R.: A região oeste do Paraná se tornou um centro produtor da proteína animal de forma intensiva. Esse ambiente requer extremo cuidado com a SANIDADE. Para se ter segurança é preciso que todos os produtores e todas as empresas tenham muita responsabilidade. O fator primordial é a prevenção que começa com o BIOSEGURANÇA nas propriedades. O controle e a ação imediata diante de casos que surgirem é determinante para evitar os desastres sanitários. Sem sanidade não exportamos nada.
8 – O Programa Oeste em Desenvolvimento (POD) é uma importante entidade atuante da região oeste do Paraná. O Senhor crê que o POD tem auxiliado as cooperativas e suas filiadas na tomada de ações e decisões para manter e/ou melhorar a sanidade agropecuária na região?
R.: O POD despertou a todos a importância e o valor da sanidade agropecuária. A Câmara Técnica da Sanidade dentro do POD tem atuado de forma objetiva e direta sobre os fatores que possam ameaçar a sanidade regional e estadual. Hoje os benefícios dessa atuação são claros e determinantes para a viabilidade das produções regionais.
9 – A inovação tem sido fundamental para muitos setores da economia nacional, e na atividade agropecuária não é diferente. Ela auxilia no desenvolvimento de novas práticas, melhorando os processos e ajudando a sustentabilidade no campo. No futuro, o que você espera dessas novas tecnologias?
R.: A inovação será contínua daqui para frente. A expansão territorial se esgotou na nossa região. Agora precisamos de produtividade, de segurança no ciclo produtivo e de redução de custos em todas as etapas. Esperamos que a ciência e as tecnologias contribuam cada vez mais para produzir mais com menos ofensivas ao meio ambiente.
10 – Nas últimas décadas, o perfil dos consumidores está passando por mudanças. Tanto no Brasil, quanto no exterior. O que se espera para o futuro?
R.: Os consumidores é que determinam o que vamos produzir. Observamos que está ocorrendo segmentações de grupos de consumidores formando “nichos” com certas especificações. Vemos esse processo evoluindo e trazendo oportunidades para diversificação interessantes nas cadeias produtivas. Naturalmente que continuarão os grandes consumos de commodities, mas cada vez mais teremos espaços para diversidades e especialidades, fato que entendemos favorável ao sistema produtivo.