Programa Agrinho: vencedores expõem projetos no Show Rural 2025
Os alunos vencedores do Programa Agrinho estão tendo a oportunidade de expor seus projetos durante o Show Rural Coopavel 2025, um dos maiores eventos do agronegócio no Brasil. A iniciativa, que é fruto da parceria entre o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e a Secretaria do Estado da Educação – SEED, tem como objetivo valorizar o talento e a criatividade dos estudantes, destacando soluções inovadoras para o setor agropecuário e a sustentabilidade.
Sindicato apresenta Programa Agrinho para Câmara Municipal de Cascavel
O Programa Agrinho é um projeto do Sistema FAEP e SENAR-PR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), voltada para a educação e conscientização de crianças e jovens sobre temas relacionados ao meio ambiente, saúde, cidadania e tecnologia no campo. Através de atividades pedagógicas e projetos práticos, o programa incentiva a formação de novas gerações mais engajadas com o desenvolvimento sustentável e a inovação no agronegócio.
A exposição dos projetos no Show Rural Coopavel permite que os alunos compartilhem suas ideias com produtores, pesquisadores, empresários e representantes do setor, promovendo um intercâmbio de conhecimento e potencializando novas oportunidades de desenvolvimento. “O Agrinho transforma a educação ao aproximar os estudantes das realidades do campo e das possibilidades que a tecnologia e a inovação podem oferecer”, afirmou Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.
CONSTRUÇÃO DO ESTANDE DA SEED

Fortalecendo a educação em todos os detalhes, a Secretaria de Educação do Estado do Paraná e o Sistema FAEP proporcionaram que toda a construção do pergolado fosse feita pelos alunos do Centro Estadual Florestal de Educação Profissional Presidente Costa Silva. Marco Antônio Gonçalves, Nayara Bonfin Ortiz Ferreira, Gustavo Belo Krizanoski e Guilherme Parteka, alunos do 2º e 3º ano, estiveram presentes no estande durante todos os dias de feira e explicaram o processo por trás do pergolado.
De acordo com os estudantes, a madeira utilizada era da antiga fachada do colégio, que precisou ser retirada e foi reutilizada para o estande. Todo o processo foi produzido por eles, desde o material, até as mudas e caixas de abelha, levadas à feira para exposição.
Ainda segundo os alunos, todas as habilidades necessárias para a produção do pergolado foram apreendidas no colégio e eles tiveram suporte dos professores.
“Cuidamos de todo o processo, desde o início, a preparação de terra, o adubo, a parte química, a semeação, colocar na estufa e ir no campo. Tudo isso é na aula prática no viveiro do colégio, que é o mais importante!”, explica Gustavo.
Para Guilherme, a participação no Show Rural Coopavel 2025 acaba favorecendo muito a aprendizagem de coisas novas também. “Ver as maiores tecnologias da américa, principalmente na área de sementes, é um aprofundamento de conhecimento”, afirma Paterka.
“É uma experiência para a vida, há coisas que aprendemos aqui que ainda não tínhamos estudado no colégio”, finaliza Marco Antônio Gonçalves.
4º LUGAR – COMEDOURO DE RAÇÃO AUTOMÁTICA

O Colégio Agrícola Getúlio Vargas, de Palmeira, foi representado pelas alunas Fernanda Souza de Oliveira, Flavia Spricigo, Maria Isabel Chepelski, Maria Eduarda Wons e Maria Eloisa da Silva, que criaram um Comedouro de Ração Automática. O projeto foi supervisionado pelas professoras Maira Freitas e Carolina Baptista.
De acordo com as estudantes, a professora solicitou que elas pensassem em um projeto sustentável e econômico para os produtores. Elas escolheram um comedouro porque poderia otimizar a mão de obra dos produtores.
“A professora inscreveu o nosso grupo no Agrinho, mas nós não sabíamos. Logo depois, a professora nos levou a sua fazenda para montar um teste do projeto, instalamos ele onde as bezerras comiam e gravamos um vídeo”, explica Flavia Spricigo, uma das alunas.
As alunas brincam que começaram a estranhar a situação quando foram para a prática na fazenda da própria professora, mas ainda não imaginavam que seria o Agrinho. Elas explicam que o programa do Sistema FAEP permite que os alunos pensem soluções mais acessíveis às famílias do campo.
“O avanço da tecnologia às vezes torna a máquina muito cara. O Projeto Agrinho é bom porque você precisa pensar, analisar, e analisar todas as possibilidades. Você economiza o dinheiro”, afirma Flavia.
As alunas foram até Curitiba para receber o prêmio. Para Maria Isabel, a experiência foi indescritível
“É uma sensação de conquista, você se sente muito valorizado. A gente percebe que valeu a pena se esforçar no projeto, principalmente depois de batermos tanto a cabeça”, contou Maria Isabel Chepelski.
3º LUGAR – SISTEMA ROBOTIZADO DE CIO

O Colégio Estadual Agrícola Olegário de Macedo, da cidade de Castro, foi responsável pelo projeto que recebeu o prêmio de terceiro lugar. Os alunos Laura Rafaele Fonseca Rodriguez de Lima, Pedro Augusto Carneiro de Brito, Isadora Lobo da Silva e Leônidas de Lima Schactae desenvolveram um Sistema Robotizado de Cio sob a supervisão e apoio da Profª Marli Burda.
A ideia nasceu a partir da necessidade de auxiliar produtores rurais na identificação do período fértil do rebanho. “Meu irmão teve a ideia do cio e começamos a pensar até chegarmos à conclusão de agora”, explicou um dos integrantes do grupo. O chip, que é instalado sob uma fita no animal, possui um sensor de pressão capaz de identificar quando a vaca é montada, enviando uma notificação diretamente para o celular do produtor. Isso elimina a necessidade de monitoramento constante do rebanho e facilita o controle da inseminação.
A tecnologia se mostra útil para propriedades de todos os tamanhos, mas tem um impacto ainda maior para grandes produtores, que lidam com centenas de animais diariamente. “Se o produtor estiver em uma reunião e não tiver nenhum funcionário por perto, ele será avisado automaticamente sobre o cio da vaca”, detalharam os jovens.
O desenvolvimento do chip foi um dos principais desafios do projeto. “Tivemos que testar várias vezes, pois o programa não estava funcionando corretamente com o botão. Acabamos utilizando um sensor via rádio, e foi necessário montar tudo certinho, encontrar os locais adequados para os jumpers e os materiais”, explicaram.
O projeto começou a ser idealizado no início do ano passado, quando os estudantes souberam da possibilidade de participar do Agrinho. Após meses de dedicação, veio a surpresa: “Sabíamos que tínhamos sido selecionados, mas não que tínhamos ganhado”.
Além do reconhecimento, os estudantes destacaram a importância da experiência proporcionada pelo Sistema FAEP ao levar o grupo ao Show Rural 2025; Segundo os alunos, isso proporciona uma troca de experiências sem igual, conhecendo pessoas, fazendo amizades com outros alunos e melhorando suas habilidades comunicativas.
2º LUGAR – SENSORES PARA COLHEITADEIRA ACESSÍVEIS A PEQUENOS PRODUTORES

Desenvolver uma tecnologia acessível para pequenos produtores foi o objetivo dos alunos João Gabriel Naruto Nagai, Gustavo Oliveira De Santi, José Eduardo Goes, Gustavo Napoleão e Maycon Staskievicz, que representaram o Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola de Campo Mourão. O dispositivo busca oferecer uma alternativa de baixo custo para máquinas agrícolas antigas que não contam com sensores modernos.
“As colheitadeiras mais novas já possuem essa tecnologia, mas queríamos torná-la acessível para produtores com baixo poder aquisitivo”, explicou um dos estudantes envolvidos no projeto. A motivação veio da realidade vivida por muitos dos integrantes do grupo. “Muitos de nós viemos de famílias que enfrentam essa dificuldade, então pensamos em algo que pudesse ser útil dentro da nossa realidade”, acrescentou outro participante.
O sensor foi desenvolvido do zero e aprimorado por cada membro da equipe. “No começo, a programação foi a parte mais complicada, mas depois que conseguimos estabilizá-la, tudo ficou mais fácil”, contou um dos jovens. Durante os testes, os estudantes perceberam que muitas colheitadeiras fabricadas antes de 1995 possuíam sensores de temperatura imprecisos, o que tornava o monitoramento das máquinas menos eficiente. “Tentamos adaptar, mas não estava funcionando direito. Então criamos algo totalmente novo”, detalhou outro participante.
O projeto, que surgiu dentro das aulas de robótica da escola, contou com apoio do professor Fagner, do Núcleo de Educação. “Tínhamos pouco tempo, então trabalhávamos além do horário escolar para conseguir finalizar”, explicou um dos estudantes. Apesar dos desafios, o resultado foi um sensor que pode ser até 80% mais barato do que os disponíveis no mercado. “Infelizmente, ainda não conseguimos testá-lo diretamente no campo, mas já temos um projeto pronto para ser patenteado”, pontuou outro integrante da equipe.
A ideia foi inscrita no Programa Agrinho com incentivo do diretor pedagógico Cléo César Camilotto e da professora Ivani Kelly Reinisz. No entanto, a vitória pegou os estudantes de surpresa. “O colégio tinha muitos projetos bons, então não tínhamos certeza se íamos ganhar. Alguns amigos até duvidaram”, revelou um deles. Após a classificação interna, o projeto avançou e foi escolhido como vencedor.
Para os participantes, a experiência foi enriquecedora em vários aspectos. “Aprendemos mais sobre programação, trabalho em equipe e como lidar com situações difíceis”, relatou um dos estudantes. Além do reconhecimento, o projeto também gerou orgulho entre familiares e professores. “Foi uma experiência única. Nunca tínhamos participado de algo assim, e nossos pais ficaram muito felizes”, concluiu outro jovem.
1º LUGAR – CORTINAS AUTOMATIZADAS PARA AVIÁRIOS

Com o objetivo de aliar bem-estar animal à sustentabilidade e acessibilidade para pequenos produtores, um grupo de estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Assis Brasil, em Clevelândia (PR), desenvolveu um sistema de cortinas automatizadas para aviários. O projeto, vencedor do Prêmio Agrinho na categoria Agrorobótica, foi idealizado por Julio Cesar Saurin, José Augusto Kossler, João Victor Lovatel, José Antonio Marafon e Miguel Dondé, com orientação da professora Luciane Arruda.
A proposta surgiu em agosto de 2024, após uma discussão entre os alunos sobre qual ideia teria maior potencial de impacto para o Programa Agrinho. “Cada aluno pensou em um projeto, e o que escolhemos foi o que tinha mais visão para crescer”, explicou Kossler. Voltado ao pequeno produtor, que normalmente possui um ou dois aviários e não depende exclusivamente dessa atividade, o sistema busca automatizar o controle de temperatura no galpão com menor necessidade de mão de obra, proporcionando uma engorda mais eficiente devido à melhora na qualidade de vida das aves.
Apesar do entusiasmo, os desafios técnicos não foram poucos. A equipe enfrentou dificuldades especialmente com a programação e a estruturação física do projeto. “Não entendíamos muito bem de programação”, admitiu um dos estudantes. A solução para manter a estrutura em pé, feita com tubos de PVC, foi utilizar vigas triangulares, garantindo estabilidade. A maior parte dos materiais utilizados foi reaproveitada, reforçando o compromisso com a sustentabilidade.
“A nossa professora perguntou quem queria participar do Agrinho e selecionou os mais interessados. Eu sempre gostei de robótica, gosto de mexer com isso”, comentou Julio Cesar Saurin, destacando o entusiasmo da equipe desde o início.
Pensando na viabilidade comercial, os estudantes propuseram um modelo em que o produtor arcaria apenas com os custos dos motores, enquanto o grupo ofereceria serviços de instalação, consultoria e suporte técnico. “Não é algo para o produtor fazer em casa”, destacou um dos integrantes, reforçando o caráter técnico e personalizado do projeto.
O apoio da escola foi essencial. “Todo o dinheiro dos materiais foi a diretora que pagou. O apoio foi bem intenso”, ressaltou a equipe. O reconhecimento no Agrinho veio como uma surpresa: “Não imaginávamos que íamos ganhar, porque a gente estava concorrendo com 32 projetos. Acho que nos destacamos pelo bem-estar animal e pela sustentabilidade do nosso aviário”.
Além da experiência técnica, os alunos destacaram o impacto pessoal do evento. “Foi bem gratificante, um evento gigante, uma experiência nova”, disseram. Agora, o foco do grupo é aprimorar o sistema dentro da escola e dar os próximos passos rumo à patente. “Nosso principal interesse agora é colocar a ideia em prática no colégio, melhorar o sistema e patentear a ideia”.
Ao final, os estudantes deixaram um agradecimento especial à FAEP, aos sindicatos rurais, à SEED e a toda a equipe pedagógica da escola. O projeto é um exemplo de como inovação, educação e consciência social podem caminhar juntos para transformar a realidade no campo.