Inovações na Piscicultura da Região Oeste do Paraná
No horizonte do Oeste do Paraná, onde vastas extensões de terra se encontram com a visão límpida de águas tranquilas, desponta uma realidade que se expande e se consolida: a piscicultura. Em um movimento que mistura inovação e tradição, os aquicultores dessa região desafiam os limites da produção e da sustentabilidade.
A Embrapa Territorial (Campinas, SP) mapeou viveiros escavados para aquicultura e tanques-redes nos 18 municípios do Paraná responsáveis por 75% da produção aquícola do estado, que é destaque no cenário nacional. Além disso, baseada em imagens de satélite de alta resolução, a pesquisa identificou 2.412 áreas correspondentes a conjuntos de viveiros, além de 32 com tanques-rede, que, juntas, somam 4.059 hectares.
Para o Presidente do Sindicato Rural de Cascavel, esse mapeamento minucioso não apenas quantifica a extensão das atividades aquícolas, mas também delineia um cenário de prosperidade e desafios a serem vencidos.
“Nós sabemos que, mesmo sendo extremamente importante para a economia nacional e para a atividade agrícola, a piscicultura ainda tem muito espaço para crescimento, em especial no nosso município”, afirma Paulo Orso.
O Paraná como Líder Nacional:
Desde 2016, o Paraná se mantém na posição de destaque na produção aquícola nacional. Em 2018, contribuiu com impressionantes 20% dessa produção. A tilápia, principal produto dessa região, domina a cena, representando 78% dos conjuntos de viveiros escavados, em áreas geralmente inferiores a 2 hectares. O território Oeste tornou-se um epicentro para o cultivo dessa espécie, consolidando o estado como líder nacional na produção de peixes.
O Brasil, de maneira geral, experimenta um crescimento sólido na aquicultura. O setor, incluindo a piscicultura, tem sido impulsionado pela profissionalização da cadeia produtiva, acesso a tecnologias avançadas e a dados organizados, além de avanços nas legislações estaduais e nacionais.
Dados do último anuário da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) revelam que em 2022, a receita do setor atingiu aproximadamente 9 bilhões de reais, com mais de 860 mil toneladas de peixe produzidas. A tilápia se destaca, respondendo por cerca de 64% desse volume. Comparando com 2014, houve um aumento notável de mais de 48,5% na produção, indicando a expansão constante da piscicultura no país.
Novas pesquisa em Cascavel
O Engenheiro de Pesca e Mestrando em Engenharia Agrícola pelo Lab. GeoScience da Unioeste, Luiz Felipe Porto, associado do Sindicato Rural de Cascavel, está desenvolvendo uma pesquisa que redefine os limites da piscicultura intensiva. Utilizando tecnologias de sensoriamento remoto, incluindo dados de satélites e imagens de alta resolução, ele analisa áreas disponíveis para a piscicultura entre os pequenos produtores no Oeste do Paraná.
“O mercado não faz ideia da vasta possibilidade que temos aqui na região, em especial em Cascavel. Com o apoio de políticas públicas eficazes, com o suporte da inovação e dos dados trazidos e levantados por pesquisas sérias e com o incentivo correto das entidades, como o Sindicato Rural, tenho certeza que os produtores estarão preparados para usufruir dessa “mina de ouro” que temos na nossa região”, explica Luiz.
Sua pesquisa não se limita ao aspecto geoespacial; ela abraça a sustentabilidade e inovações tecnológicas, visando ampliar a produção de tilápia de forma eficiente e sustentável.
Desafios e Perspectivas
Mesmo frente a cenários positivos, alguns desafios ainda persistem. Segundo a chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial Lucíola Alves Magalhães, separar quais estruturas serão destinadas à produção aquícola e quais serão destinadas aos outros usos é a principal dificuldade.
“O método para validação do mapeamento a partir de dados secundários é inédito. A equipe se debruçou sobre as bases disponíveis até decidir pela melhor forma de utilização da informação. Com isso, não só foi possível validar algumas baterias de viveiros, como também, identificar as propriedades aquícolas”, detalhou Lucíola Alves Magalhães.
A piscicultura no Oeste do Paraná é um exemplo brilhante de como a combinação de inovação, pesquisa e tradição pode transformar uma região. O mapeamento preciso da Embrapa oferece não apenas uma visão panorâmica das atividades aquícolas, mas também destaca o potencial de crescimento sustentável. A pesquisa de Luiz Felipe Porto adiciona uma camada valiosa, projetando um futuro onde a piscicultura não é apenas uma prática produtiva, mas uma atividade que se integra harmoniosamente ao ecossistema. O setor enfrenta desafios, mas essas são oportunidades disfarçadas, prontas para serem desvendadas.